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Análise Transacional

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                                                                                              A partir da definição de Enredo, 

 

“É um plano inconsciente de vida elaborado na primeira infância a partir das influências parentais e das fantasias que a criança elabora sobre elas, ligadas a sua necessidade de sobrevivência”    Eric Berne (1910 a 1970) 

Vamos entender como se dá este processo de desenvolvimento.

A vida é soberana. Nosso instinto nos leva à uma busca de garanti-la e perpetuar nossa espécie.

Em geral, ao se tornar pai ou mãe, cada um de nós fará aquilo que acredita ser o melhor nesse papel. O objetivo é formar um indivíduo que me represente da melhor forma possível, para que eu continue sendo admirado e aceito.

Vamos então compreender como isto pode ocorrer na prática.

João é um homem exigente, perfeccionista, que atua de maneira crítica, com bastante dificuldade em expressar sua afetividade, pois não pode errar. Esta é sua crença do que é certo. Casou-se com Maria, uma mulher insegura, meiga e submissa, para exercer seu poder e assim ser aceito.

 O primeiro filho do casal, Rogério, foi recebido com muitas expectativas e dele se exigia que fosse o melhor em tudo, assim como era o pai. Não era elogiado mas sim sempre pressionado a dar mais de si, como se seu desempenho nunca fosse o suficiente. João acreditava que se  elogiasse o filho, ele se acomodaria e deixaria de se esforçar. Maria o encobria, para que João não o reprimisse, mas Rogério sentia-se cada vez mais frustrado e culpado por nunca ser capaz de agradar seu pai. Cresceu como uma pessoa insegura, sem confiar que poderia ser amado e reconhecido. Buscou uma companheira forte, exigente, que continuava a fazê-lo sentir-se insuficiente na relação, perpetuando assim sua sensação de fracasso.Tornou-se uma eterna Criança Submissa.

Você deve estar se perguntando porque Rogério não foi em busca da aceitação, ou de uma mulher que o acolhesse como sua mãe, não é mesmo?...

Parece incoerente que se reclame de uma situação e permaneça nela, mas a Criança Adaptada(que vive o enredo), precisa  se manter em segurança repetindo os padrões conhecidos e cumprindo a mensagem que recebeu. Quando consegue compreender o que está fazendo a si mesma, através da conscientização, pode utilizar seu Adulto e Protetor internos para “ redecidir” como prosseguir sem este conflito.

 

Outros “Rogérios” poderiam ter se comportado de maneira diferente, diante deste mesmo João e Maria. Cada um trás características próprias, que combinadas com as experiências, vão determinar suas crenças. Cada ser humano é único e responsável por suas decisões. Naturalmente quanto mais cedo elas se estabelecem, maior o risco de serem distorcidas, pois o Adulto que tem contato com a realidade objetiva, ainda não está ativo o suficiente.

Há o Rogério que vai se empenhar em fazer mais e melhor, ser arrogante, talvez até desonesto para provar que consegue “ganhar”.

 Há o Rogério que vai optar por ser o oposto da expectativa do João, conseguindo atenção só pelas broncas e cuidados quando se transforma na “ovelha negra”, a Criança Rebelde que ninguém controla.

De qualquer forma, um Pai Crítico tende a gerar uma Criança Adaptada(submissa ou rebelde), que deixa de utilizar suas habilidades de forma livre e criativa.

Um Pai Protetor, nutritivo, vai estimular sim a criança a dar o seu melhor, expressando seu potencial e habilidades, mas respeitando seus limites.

Vai apoiar seu filho em suas dificuldades, permanecendo ao seu lado, orientando, mas não impondo. A criança precisa de limites para se sentir segura, mas não pode se sentir reprimida, impedida de ser quem é.

 

Rogério veio para a terapia quando seu casamento se tornou insuportável. Depois de compreender todo o enredo, conseguiu fortalecer seu Pai Nutritivo interno e mudou suas atitudes. De vítima impotente, passou a acreditar em si, lutar por suas conquistas e aceitar-se com suas limitações. Afinal, quem não as tem?...

2020 - Nivia Panariello

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